OS SEM-TERRA OCUPAM BANCOS NO BRASIL

Membros, militantes e simpatizantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam, no final desta primeira quinzena de Março, algumas agências do Banco do Brasil em onze municípios do Estado do Paraná e prometem ficar até pelo menos três dias dentro das instalações bancárias ocupadas.
Os agricultores do MST reivindicam que dívidas antigas, contraídas há mais de dez anos e no final do século passado, sejam renegociadas.
O objetivo da invasão é a negociação de dívidas do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e a discussão de temas de infraestrutura nos assentamentos e assistência técnica para as famílias.
Segundo o coordenador do sector de produção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, eles pretendem ser atendidos pelas gerências regionais para discutir uma pauta que inclui temas como a renegociação de dívidas do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), infra-estrutura nos assentamentos para o escoamento da produção e assistência técnica para as famílias assentadas.
O MST que no passado recente esteve envolvida na ocupação de grandes fazendas não produtivas abandonadas ou pertencentes aos grandes latifundiários brasileiros, principalmente no nordeste brasileiro, é a maior organização do povo amigo brasileiro ligada ao proletariado rural, e neste seu propósito de protesto e ocupação de agências bancárias, defende a construção de um crédito diferenciado para a agricultura familiar, já que o Pronaf, segundo os manifestantes, tem dado mais atenção aos grandes e médios produtores.
As ocupações ocorrem nas agências bancárias dos municípios de Lapa, Ponta Grossa, Cascavel, Ivaiporã, Londrina, Quedas do Iguaçu, Laranjeiras do Sul, Pitanga, Manoel Ribas, Jardim Alegre e Querência do Norte, todos no Estado brasileiro do Paraná.
Segundo a assessoria do Banco do Brasil, está prevista para se efectuar brevemente, em Curitiba, uma reunião entre os pequenos agricultores membros do MST e a superintendência da instituição, com o apoio do governo social-democrata do PT.

A ACEL-Trebopala saúda este protesto e ocupação de bancos no Brasil por parte do MST. A luta do povo amigo brasileiro, dos trabalhadores e agricultores brasileiros é a mesma luta dos trabalhadores lusitanos, dos trabalhadores portugueses e dos povos trabalhadores de todo o mundo. Num mundo em decadência por culpa de uma ultra-minoria elitista, exploradora, predadora e parasitária e sob a ditadura dum sistema injusto e imoral que só existe para alimentar os mercados ao serviço da selvática gestão especulativa financeira ao serviço do capitalismo e daqueles que com ele beneficiam, tudo isto só pode levar à explosão social e ao levantamento dos povos empobrecidos, humilhados, indignados e vitimizados por um sistema socio-económico que alimenta as desigualdades e injustiças, e onde uns poucos (os ricos e exploradores que são menos de 1%) ganham muito mais do que a maioria da população planetária (que são os outros 99%!). Hoje infelizmente, dá-se mais valor ao dinheiro e ao capital do que aos valores morais e humanos e do que às pessoas e aos povos trabalhadores vítimas da repressão de governos anti-populares prostituídos ao capital e reféns de dívidas imorais e chantagistas por parte de uma minoria de milionários intocáveis, de chulocratas invertebrados, de governantes corruptos e de empresários egocêntricos e gatunos cujo único "trabalho" é contar o dinheiro sujo e fácil que "ganham" e roubam à custa da exploração dos explorados e que vivem da ganância materialista, da destruição das terras, do esgotamento dos recursos, da alienação dos bens, da mentira social, da exploração do trabalho e da miséria dos povos. Contudo, situações extremas há, onde povos e trabalhadores são obrigados a radicalizarem a sua luta devido à violência dos mercados e dos governos que executam políticas de austeridade ou anti-populares ao seviço dos mercados, dos banqueiros, dos especuladores e dos patrões exploradores, é este o caso que se regista no Brasil, onde os pequenos agricultores militantes do MST ocuparam agências bancárias. Esta corajosa luta dos agricultores dos sem-terra que só honra o povo amigo brasileiro, devia ser um exemplo a seguir em Portugal pelos trabalhadores portugueses, pelos trabalhadores lusitanos e por todos os outros povos regionais do país. Que deviam também ocupar bancos, ocupar e nacionalizar empresas, ocupar escolas, ocupar gabinetes ministeriais, ocupar instituições estatais, ocupar tribunais, ocupar esquadras policiais e quarteis militares, ocupar jornais e televisões, ocupar o Parlamento e ocupar as ruas que são do povo. Só um povo mobilizado, sem medo e em luta tem legitimidade para fazer cair um sistema impopular, injusto e decadente, e derrubar um governo de traição nacional que apesar de ter sido eleito pela alienação eleitoral, perdeu a sua legitimidade por mentir ao país que está a destruir e a saquear, e por escravizar os trabalhadores condenando assim o seu próprio povo à miséria ou a desaparecer na emigração a enriquecer terras e países que nunca foram o seu e o dos seus antepassados. Aqui, pois, a ACEL-Trebopala expressa mais uma vez a sua solidariedade e obrigado aos agricultores membros do MST do povo amigo brasileiro, pela sua coragem e luta pelos seus direitos, pela igualdade social. Eles são um exemplo para os trabalhadores de todo o mundo e que o povo português, que o povo lusitano e que todos os outros povos de Portugal deveriam seguir.